Os Dias: Afogados – unha longametraxe documental de César Souto e Luís Avilés Baquero. Producida por Amanita Films.
Imaxinemos que temos que asistir á destrucción programada do lugar onde fixemos a vida, que somos espectadores forzosos da desaparición do sitio onde nacimos e temos as nosas raíces. En 1992, a construción do encoro de Lindoso (Portugal) anegou para sempre a aldea de Aceredo (Ourense, Galicia).
Os seus habitantes nada puideron facer para salvar os seus fogares nin as súas terras. Anos antes, sabendo que todo estaba a piques de perderse, Francisco Villalonga e outros veciños da aldea colleron as súas cámaras domésticas e comezaron a gravar.
Acabei de o ver…isto é, ainda estou tonto com a patada no âmago de alma limaia que este documentário silenciosamente assenta: a dor é real, vivida em primeira pessoa, não há como escapar – há sofrimento avassalador, impotente, cru, inevitável.
Como é paradoxal que o mesmo rio, o Lima, o limaio Belion da memória, que deu vida a Aceredo, cujos veciños sempre souberam viver com as suas benesses, acaba por ser o elemento que afoga a aldeia inteira, a troco de parcas pesetas em prol do progresso: o embalse do Alto Lindoso, machadada ambiental final ao por si já debilitado rio pelo embalse de As Conchas.
Para todos os limaios, das duas regiões, e para todos os que se importam com o seu rio, o que nos une com o seu ar de além, tão sentido como o desabafo de Francisco Villalonga, veciño de Aceredo: Como recordar a memória do que não se esquece?
Vejam o documentário para honrar a memória dos veciños que sofreram a perda das suas terras e vidas e vizinhanças para que o progresso não parasse. Podem consultar os cinemas e locais aqui. Espero que também do lado português esta projecção de memória continue – um doloroso sucesso do exercício documental de um dos episódios mais sentidos também no vale limaio do Alto Minho e que está a arrecadar prémios em praticamente todos os certames e festivais de cinema onde se mostra.
Termino com o poema que captura momentos deste retrato documental, duma aldeia que desapareceu debaixo de água,mas cuja luta o cinema conservou.
non hai terra mítica
a extinción daquel tempo
non devirá en lenda
a que
esta adiccíon á memória?
despregar as engurras
do liño que non se fiou
ningún cataclismo
salvar a aldea
non hai intriga
nin misterio
só o uso do plural
conmove
porque estamos no noso sitio
ata que a auga nos cegue
– Auge a través, Dores Tembrás